Revolta da Chibata
A Marinha do Brasil, em 1910, era formada em sua maioria por escravos que haviam acabado de ser libertados. Na marinha, eles eram tratados com descaso, recebiam castigo físico como punição, lidavam com baixos salários e outros abusos. Tudo isso levou a uma agitação conhecida como Revolta da Chibata, que perdurou de 22 novembro ao dia 27 de novembro de 1910, no Rio de Janeiro.
Para punição por causa de infrações, os marinheiros levavam chibatadas de seus superiores. Quando houve aumento de salário para os oficiais, os marinheiros ficaram revoltados.
No período, a esquadra brasileira também tinha acabado de ser modernizada com os encouraçados mais potentes chamados de São Paulo e Minas Gerais, que sobrecarregaram os marinheiros. Com isso, os marinheiros articularam uma ação para protestar.
No dia 22 de novembro de 1910 foi feito o levante, começando com o encouraçado Minas Gerais, após Marcelino Rodrigues Menezes, um marujo, ser castigado com mais de 200 chibatadas.
O marujo negro João Cândido Felisberto foi o líder da revolta. Ele era bem articulado, apesar de analfabeto. Ao todo, participaram da revolta outras embarcações, como a Bahia, Deodoro e o encouraçado São Paulo.
João Cândido Felisberto
A cidade do Rio de Janeiro foi bombardeada pelos marinheiros e o presidente Hermes da Fonseca enfrentou sua primeira crise.
Entre as reivindicações dos marinheiros estavam as seguintes: melhores condições de trabalho, alimentação digna, anistia para os participantes no levante e, principalmente, extinção de qualquer tipo de castigo físico.
O presidente Hermes da Fonseca acabou cedendo e aceitou as exigências dos marinheiros. Porém, em menos de dois dias, o político decretou estado de sítio e passou a punir os marinheiros, com prisão e expurgo.
Os envolvidos na Revolta da Chibata foram levados para o Batalhão Naval da Ilha das Cobras. Houve um motim em 9 de dezembro de 1910. Vários prisioneiros, muitos deles fuzileiros navais, foram mortos em decorrência do bombardeio ordenado pelo governo para conter os amotinados.
Ao todo, mais de 200 pessoas morreram nos conflitos da Revolta da Chibata. Os sobreviventes foram enviados para trabalhar na ferrovia Madeira-Mamoré, que estava sendo construída. Outros acabaram em seringais da Amazônia. Todos os participantes sobreviventes estavam excluídos do serviço militar. Houve mais de 2 mil expulsões.
João Cândido, o líder da Revolta da Chibata, foi julgado inocente, mas acabou internado em um hospício, tendo sido apelidado pela imprensa brasileira como o “Almirante Negro”.
Crédito da imagem da capa: Wikimedia
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