O que foi o Ciclo do Açúcar?
O Ciclo do Açúcar ou ciclo da cana-de-açúcar foi um período da história do Brasil Colônia, em que esse produto se tornou a primeira grande riqueza agrícola e industrial do país e que, durante bastante tempo, foi a base da economia. Esse período começou em 1530 e durou até 1700, ajudando a definir os rumos da política brasileira e portuguesa entre os séculos XVI e XVIII, principalmente seguindo as mudanças com o processo de colonização.
Foi durante esse período que as capitanias hereditárias foram criadas e, em que a empresa açucareira Brasil tornou-se a maior empresa agrícola do mundo ocidental. O maior desenvolvimento ocorreu na região nordeste do país, principalmente na Zona da Mata, da faixa litorânea, do Rio Grande do Norte até o Recôncavo Baiano.
Aula do Professor Marcito Castro sobre o “Ciclo” do açúcar:
Cana-de-açúcar pelo mundo
A cana-de-açúcar é um dos poucos produtos agrícolas para alimentação que foi alvo de disputas e conquistas ao longo dos séculos. O açúcar foi da Nova Guiné, atravessou o oceano, e chegou na Índia. A palavra “açúcar” vem do sânscrito “çarkara, shakkar”, que é a antiga língua da Índia e signfica grãos de areia.
A primeira vez que ela apareceu na história foi em 327 a.C., observada pelos generais de Alexandre, o Grande, e depois nas Cruzadas no século XI. A cana-de-açúcar começou a ser cultivada no Egito no século X, sendo que foram os egípcios que desenvolveram o processo de clarificação do caldo da cana e criou um açúcar de alta qualidade em sua época.
O açúcar foi um alimento muito consumido por reis e nobres na Europa, pois por ser uma grande fonte de energia para o corpo, os médicos forneciam o açúcar para a recuperação ou alívio daqueles que estavam à beira da morte. Existem registros de que a comercialização de açúcar no século XIV chegou à uma quantia de R$ 200,00/kg (valor equivalente na época), sendo que ele era até deixado em testamento por reis e nobres.
Na época do Descobrimento das Américas, Cristóvão Colombo trouxe o plantio da cana, em 1493 na atual República Dominicana. Mas, com a descoberta do ouro e a prata entre os Azteca e Inca, no início do século XVI, o cultivo e produção de açúcar foram deixados de lado. E, em 1530, Martim Affonso de Souza trouxe para o país a primeira muda de cana e começou com o seu cultivo na Capitania de São Vicente.
Escolha da cana-de-açúcar
A Coroa Portuguesa escolheu o plantio da cana-de-açúcar para o Brasil, por causa do solo de massapé, que era abundante e, essa ser uma planta de cultura rápida, podendo começar com o corte a partir do segundo ano. Durante esse período também houve a grande utilização do açúcar como adoçante, no lugar do mel. Assim, o açúcar tornou-se bem cotado na Europa.
Além disso, os portugueses já tinham experiência, pois já havia dezenas de anos que eles exploravam o açúcar nas ilhas do Oceano Atlântico. Portugal possuía todos os equipamentos necessários para engenhos de açúcar.
Engenho de açúcar
Em 1549, na capitania de Pernambuco já haviam 3 engenhos, na Bahia 18 e 2 em São Vicente. Todas essas plantações eram realizadas por meio do sistema de plantation.
Nos engenhos haviam…
- A casa grande;
- As senzalas, onde ficavam os escravos;
- A casa de moenda;
- A fornalha;
- O canavial;
- A casa de purgar o açúcar.
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Sistema de plantation
No sistema de plantation, havia grandes fazendas produtoras de um único produto, no caso cana-de-açúcar. O que era produzido era voltado para o comércio exterior, com uso do trabalho escravo de índios e negros africanos.
A cana-de-açúcar era plantada nas grandes extensões de terra, conhecidos como latifúndios.
As principais características do plantation são:
- Os grandes latifúndios (extensões de terra);
- Trabalho de mão-de-obra escrava;
- Plantio de um mesmo produto em larga escala.
Capitanias hereditárias
Antes de ser instaurada no Brasil, as Capitanias Hereditárias já existiam em outros territórios coloniais de Portugal, como a Ilha da Madeira e Cabo Verde. A divisão da faixa litorânea do país foi em 15 lotes, com 14 capitanias para 12 donatários, nobres portugueses.
O sistema das capitanias ajudou o governo português, não só com a produção de açúcar, mas também na redução de custos para o Estado.
Contexto Histórico
No Período Pré-Colonial, os portugueses não tinham interesse em colonizar o Brasil, preferindo focar no comércio com as Índias. Nesse período, houve diversas invasões estrangeiras e o desenvolvimento de atividades econômica extrativista, principalmente com o pau-brasil.
Mas, com a queda do comércio de especiarias, os portugueses, enfim, voltaram-se para a América portuguesa, e as invasões no território. Assim, o então Rei Dom João III em 1534, instaurou o sistema de capitanias hereditárias para a povoação da colônia.
Mercado
Todo o açúcar que era feito no Brasil ia direto para Portugal. Porém, não havia o repasse do lucro obtido com a venda para a Holanda, que refinava e vendia para o consumidor final. A Holanda também fazia empréstimos para os nobres decadentes portugueses, para iniciarem suas plantações na colônia brasileira.
O Fim do Ciclo da Cana-de-Açúcar
Até o início do século XVII, a produção do açúcar no país se manteve em crescimento, chegando ao seu ápice nas suas 3 três primeiras décadas desse mesmo século. Os principais motivos para o fim do ciclo da cana-de-açúcar foram:
- O domínio da Espanha sobre Portugal em 1580;
- A guerra dos espanhóis com os holandeses;
- O controle dos holandeses sobre o comércio marítimo dos países europeus no século XVII;
- A perda de Portugal de parte do território da colônia brasileira;
A desorganização do mercado do açúcar em Portugal
Em 1640, já no fim do domínio espanhol no Brasil, o poder do açúcar no mercado mundial havia decaído. Isso, porque as outras colônias europeias já tinham conseguido ultrapassar a produção do açúcar no Brasil, passando a ser encontrado com maior facilidade.
Por todo o século XVII, a colônia portuguesa buscou pela recuperação da produção, mas não obteve êxito. Assim terminou o ciclo da cana-de-açúcar, e a colônia entrou em estagnação com relação à Portugal, que só teve fim com o início do ciclo do ouro.