Preconceito Religioso
A religião é um conjunto sistematizado de crenças, visões de mundo e padrões culturais.
Quando se pensa em religião nossa mente é povoada por imagens de Mesquitas, Igrejas, Templos, padres ou pastores.
Também passamos a pensar em termos de estruturação do sagrado, através de estudos e rituais organizados pelo homem.
O número de religiões do mundo ultrapassa a casa do milhar. Contudo, são cinco as religiões com maior número de adeptos, considerando suas vertentes: Cristianismo (cristãos), Islamismo (muçulmanos), Hinduísmo (hindus), Budismo (budistas) e Judaísmo (judeus).
Saiba mais: O que é religião?
O QUE É O PRECONCEITO RELIGIOSO?
O preconceito religioso parte de uma série de conceitos prévios sobre a religião de alguém ou de um grupo. De maneira geral, são crenças disruptivas que provocam um afastamento, quebra, cisão entre membros muitas vezes da mesma comunidade.
A falta de informação ou compreensão mais ampla sobre a realidade e entendimento do outro pode gerar o afastamento. Neste ponto, a cultura e ambiente social influenciam fortemente o posicionamento comportamental preconceituoso.
O preconceito, sob uma perspectiva psicológica, é decorrência de um processamento simplificado que se utiliza de nossa visão de mundo personificada, do corroborar apenas com aquilo que se ‘encaixa’ no nosso próprio sistema de crenças, valores e conhecimento.
Preconceituosos, sob essa análise, somos todos. Não é possível determos os mais variados ‘conceitos’ em compreensão ampliada.
Mas quando falamos de religião, o principal fator da animosidade conhecida por preconceituosa se pauta na diferença existente entre os diversos paradigmas religiosos, mormente relativos ao dogma- pontos fundamentais tidos por corretos e indiscutíveis.
A linha entre preconceito e intolerância, nesses casos, chega a ser tênue. Não aceitar o outro, sua expressão e forma de ser no mundo, dá causa aos mais variados conflitos (de território, de relacionamento, políticos, econômicos, culturais, etc.).
Saiba mais: Intolerância Religiosa
Essa ausência de empatia, se colocar no lugar do outro, pode, quando estimulada e incentivada, levar a uma postura de desidentificação com o outro, considerando-o como, até mesmo, uma “coisa”.
Não se podem afastar, também, as variáveis políticas e econômicas de cada país. São muitas as regiões geográficas atreladas à religião estatal, como os Estados seculares do Oriente Médio.
Nessa condição, a condução do Estado está diretamente ligada ao sistema religioso de crenças, afetando as decisões da comunidade, interesse público, objetivos e bem-estar.
É por tal razão que em países com tradição democrática, a laicidade (Estado sem religião) está presente. Não é difícil imaginar que eleger certa religião poderia justificar o tratamento diferenciado dos que creem em um sistema diferente de crenças espirituais.
A imparcialidade fornece as bases para a liberdade de expressão religiosa, inclusive a de não seguir nenhuma religião -ainda que se busque um contato com a divindade de alguma outra forma.
O preconceito religioso, portanto, dá abertura para comportamentos geradores dos efeitos sentidos na pele daqueles que divergem em determinado grupo: tratamento diferenciado, excludente e apartado. E ninguém merece ser menosprezado.
Qualquer religião, tem como fulcro a busca por um alinhamento com o divino, pela ligação do homem com as suas origens. Esse é o conceito advindo do vocábulo latim Religare.
Infelizmente, o desenvolvimento e expressão das formas de culto ao sagrado, da conformação religiosa, passou e passa ainda por uma inversão semântica ao tentar aplicar a literalidade de seus dogmas.
Historicamente a conexão com seu “Deus” se transformara na negação do “Deus” do outro, e, portanto, desconexão com o outro.
A história do homem demonstrou que em nome de “Deus” se pode travar batalhas sangrentas, destruir cidades, violentar crianças e mulheres, matar idosos e jovens. Exemplos não nos faltam, como as Cruzadas do século XI – embates entre cristãos e muçulmanos- e mais recentemente na guerra civil no Iraque, com o posicionamento adotado pela cisão sunita ou xiita do islamismo.
O poder e influência religiosas são fortemente reconhecidos e utilizados como manobra política e econômica, infelizmente.
A mudança, contudo, depende sempre de um movimento interno. O preconceito não se sustenta com o fortalecimento da palavra Religare.
Instrua-se, ligue-se a sua comunidade e compreenda o diferente. Se o preconceito toma espaço, acaba, por fim, abafando o pŕoprio significado de pertencer a uma Religião.
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