Milton Santos foi um dos responsáveis pela renovação da geografia na década de 1970, tanto no Brasil quanto no exterior. Esse geógrafo conectou a disciplina no campo das ciências sociais, estimulando o diálogo entre as teorias sociais e as teorias geográficas, colaborando na construção das mesmas.
Além disso, ele acreditava na necessidade de produzir uma teoria geográfica a partir da periferia. Suas posições críticas foram complementadas com o reconhecimento de categorias de base existencialistas que poderiam contribuir para a construção de um mundo melhor, baseado não apenas na razão, mas também na emoção.
A vida de Milton Santos
Milton Almeida dos Santos nasceu no dia 3 de maio de 1926, em Brotas de Macaúbas, na Bahia. Sua família pertencia a classe média, seus pais eram professores do ensino fundamental.
Milton revelou seu talento em uma idade muito precoce. Aos 5 anos de idade, ele já lia e escrevia bem, além de já saber resolver os problemas da álgebra com apenas 8 anos, mesma idade em que também começou a aprender francês.
Durante o ensino médio, ele criou e dirigiu dois jornais escolares, “O Farol” e ” El Luzeiro “.
Mais tarde, ele descobriu seu interesse em Geografia enquanto estudava Direito na Universidade Federal da Bahia, nos anos 40.
Na Faculdade de Direito ocupou o cargo de vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 1948, ele se formou como advogado na Universidade Federal da Bahia.
Em Salvador, tornou-se professor da Faculdade de Filosofia Católica e fez trabalho editorial no jornal “A Tarde “.
Nessa época, começou a publicar mais de 100 artigos de geografia, além de publicar seu primeiro livro, ” A Zona do Cacau”, que abordava a cultura cacaueira no estado da Bahia.
Em 1956, ele foi convidado pelo professor Jean Tricart para fazer seu doutorado em Estrasburgo (França).
Em 1958, ele recebeu seu PhD em Geografia na Universidade de Estrasburgo.
Após defender o doutorado com a tese “O Centro da Cidade de Salvador”, retornou ao Brasil.
Em 1960, publicou o estudo “Marianne em Preto e Branco”, fazendo uma homenagem a África e França.
Em 1963, foi eleito presidente da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB).
Em 1964, com o golpe militar, Milton Santos foi preso e depois exilado e posteriormente convidado para lecionar na Universidade de Toulouse (França), onde permaneceu por três anos.
Então ele foi para Bordeaux (França), onde conheceu Marie-Hélène, geógrafa, que se tornaria sua esposa e com quem ele teve um filho chamado Rafael.
Nos anos 70, Milton teve seu melhor período intelectual e fértil: estudou e trabalhou nas universidades do Peru, Venezuela e Estados Unidos. Neste último país, entre 1975 e 1976, ele foi pesquisador do Massachusetts Institute Of Technology (MIT).
Em 1977, ele retornou ao Brasil, onde trabalhou como consultor e professor assistente, fazendo trabalhos ocasionais, até que, em 1984, obteve o cargo de professor da Universidade de São Paulo (USP).
Em 1994, ele se tornou o único intelectual fora da região anglo-saxônica a receber o Prêmio Vautrim Lud, considerado o “Nobel da Geografia”.
Nos últimos anos de sua vida, trabalhou ativamente e foi premiado com honras, títulos e medalhas pelo seu trabalho dedicado às discussões sobre globalização, urbanização, pobreza e exclusão social, através de uma análise crítica destes fenômenos.
Morreu no dia 24 de junho de 2001, em São Paulo, vítima de complicações decorrentes de um câncer de próstata.
Relevância na Geografia do Brasil
Milton Santos é reconhecida internacionalmente como um intelectual autêntico comprometido com a busca de uma sociedade mais igualitária; sua coerência e integridade moral também são destacadas; e seu nome está associado à epistemologia do pensamento geográfico e à filosofia da Geografia.