Relativismo Cultural
O relativismo cultural é um conceito antropológico que busca compreender as culturas existentes sem julgamento, sem praticar o etnocentrismo, sem usar sua experiência e conhecimento pré-adquiridos pelo agente interpretador. Usado também na Sociologia, o relativismo cultural foi criado por Franz Boas e outros estudiosos, que queriam analisar a cultura a partir da neutralidade.
O conceito de relativismo cultural tem relação com o processo de observação dos mais variados sistemas culturais existentes no mundo, sem levar em consideração a análise etnocêntrica da sociedade. Neste tipo de avaliação, o observador deixa de lado parâmetros predeterminados pelo ocidente e avalia a cultura sem qualquer tipo de preconceito ou privilégios.
A partir desse estudo, os pesquisadores chegam a um sistema próprio de valores sobre as culturas. No âmbito do relativismo cultural, as culturas têm características únicas e diferenciadas e precisam ser analisadas dentro de um contexto.
Para isso, não usavam preconceitos a respeito de comportamentos, hábitos e crenças dos analisados. Não havia nada estranho, tudo era relativo, a interpretação acontecia depois de deixar sua própria cultura de lado, para entender o outro verdadeiramente.
O princípio do relativismo cultural traz à tona as peculiaridades das sociedades. O conceito foi sustentado por Boas em 1887 e apresenta a cultura não como algo absoluto, mas como um conjunto de ideias, valores e concepções que são particulares a cada grupo ou sociedade.
O termo foi fortalecido a partir de 1948, com trabalhos realizados por outros antropólogos, além de ter sido publicado em um artigo da revista American Anthropologist.
O termo relativismo cultural define que as sociedades devem ser estudadas a partir de sua própria realidade, sem levar em conta o discurso preexistente de evolucionismo. O conceito prevê também a subjetividade das culturas e do próprio homem. Com isso, o relativismo cultural tenta explicar como os valores culturais de uma determinada sociedade são formados a partir dos padrões já existentes dentro deste grupo social.
O estudo das sociedades tradicionais foi feito com base no relativismo cultural. Neste caso, sociedades distantes, de continentes como a Oceania, foram analisadas sem levar em consideração a estrutura familiar que conhecemos. Por exemplo: em uma formação familiar, o tio poderia cumprir o papel de pai, e ao pesquisador antropológico não cabia estabelecer padrões e interpretar comportamentos a partir do conhecimento que ele tem sobre formato e estrutura.
Caso contrário, o papel do antropólogo seria rechaçar a ação do tio que sustenta a família e do pai ausente, dado que não há costume neste sentido no mundo Ocidental. Porém, quando o trabalho é relativizado, o pesquisador em campo parte do pressuposto que as estruturas são apenas diferentes, e não certas ou erradas. Relativizar é levar outros princípios em consideração.
Na investigação científica, julgamentos e preconceitos podem prejudicar o pesquisador. Para combater vícios de entendimento, a Antropologia partiu para o caminho do relativismo cultural.
A sociedade também pode adotar a relativização em suas interpretações. É uma maneira inteligente de compreender as outras pessoas, suas crenças, posições, relações sociais, interações entre grupos. É preciso ter habilidade para lidar com a diferença.
O relativismo cultural também compreende que o outro existe na sociedade e que as diferenças são importantes. O etnocentrismo é o oposto exato do relativismo cultural, já que uma pessoa ou um pesquisador etnocêntrico usa sua cultura própria para compará-la com outras culturas, gerando o embate direto.
O relativismo cultural busca compreender a diversidade, problematizando as diferenças e como elas se manifestam em cada pessoa ou em grupos específicos.
Na prática, é importante analisar o significado dos termos relativismo e cultura para entender o conceito do relativismo cultural. A palavra relativismo significa a ausência da verdade absoluta. Já o termo cultura abrange os padrões comportamentais, sociais e morais de uma sociedade, bem como os elementos objetivos e subjetivos que compõem um grupo ou comunidade, como, por exemplo, seus costumes e tradições.
Conclusão: Em resumo, o conceito de relativismo cultural fomenta um entendimento diferenciado sobre todos os povos e culturas, com base em suas próprias crenças e valores. Neste aspecto, não existe cultura superior ou inferior, pois todas são importantes e valorizadas dentro de uma dinâmica social específica.
Veja também: