A história do Brasil é marcada por uma série de revoltas no período imperial, sendo uma das mais conhecidas a Cabanada ou Guerra dos Cabanos.
O movimento foi articulado porque as pessoas não aceitavam o governo regente, que comandaria o Brasil por anos. Elas pediam a restituição do poder ao então imperador Dom Pedro I, mas dois outros enfoques importantes foram adicionados à pauta dos revoltosos:
- Luta antiescravagista;
- Revolta popular.
Vicente Ferreira de Paula assumiu a liderança na Cabanada, mas para entender a revolta é preciso conhecer o contexto deste acontecimento.
Pedro I abdicou do trono para que D. Pedro II assumisse. Pedro I teve que deixar o Brasil para acompanhar uma ação de seu próprio irmão, Dom Miguel, que tentava tirar do trona sua filha, Maria da Glória.
No Brasil, a regência trina assumiu o poder, já que D. Pedro II não tinha idade suficiente para ser chefe da nação. Muitos populares aproveitaram o momento de fragilidade no comando do Brasil para demonstrar que estavam insatisfeitos com o governo imperial, que queriam mudanças, e a tensão aumentou na sociedade.
A instabilidade ficou ainda maior depois que Manuel Afonso de Melo e Domingos Lourenço Torres Galindo, donos de terras, homens de poder e com boas finanças, integrantes da “Coluna do Trono do Altar” de Portugal, declararam rompimento com os senhores de engenho, reforçando a intenção antiescravagista, posição que prejudicava diretamente os latifundiários produtores, que ainda eram dependentes da mão de obra escrava em suas terras.
Em 1832, a cabanada se desenrolou em uma região do sul de Pernambuco e norte de Alagoas. Em Barra Grande, atual Maragogi, em Alagoas, e Panelas de Miranda, em Pernambuco, aconteceram os levantes.
Quem eram os integrantes da cabanada?
A Cabanada foi dominada por mestiços, brancos, índios e negros fugitivos. Os cabanos receberam esse apelido porque ficavam em cabanas no mato, escondidos.
D. Pedro I morreu em 1834 e este fato abalou bastante o movimento da Cabanada. Uma tropa com mais de 4 mil homens cercou as cabanas com a intenção de colocar fim à revolta, em 13 de maio de 1834.
Muitos revoltosos evacuaram o local, mas escravos e os fanáticos decidiram lutar até à morte. O governo tentou negociar com os cabanos, garantindo anistia para quem se entregasse. Muitos desertores deixaram o movimento bastante fraco, até o seu fim, em 29 de maio de 1835.
O líder Vicente de Paula conseguiu escapar, mas foi preso anos depois, em 1850, por envolvimento na Revolução Praieira. Um dos maiores marcos da cabanada foi a luta para acabar com a escravidão.