Química

Berílio

História
O berílio foi descoberto por Louis Nicholas Vauquelin em 1797 no mineral berilo. A água-marinha e a esmeralda são duas variedades deste mineral utilizadas como pedras preciosas. Originalmente, era conhecido como glucinum (do grego “doce”), uma vez que os seus compostos solúveis tinham um travo adocicado. O metal foi isolado pela primeira vez por Wöhler e Bussy em 1828 que conseguiram berílio em pó, reduzindo cloreto de berílio com potássio metálico.

De particular interesse é o trabalho do cientista francês Lebeau, publicado em 1899, que inclui descrições da electrólise de fluoreto de sódio-berílio, resultando na produção de pequenos cristais hexagonais deste elemento e, ainda, a preparação de ligas de berílio-cobre, pela redução directa de óxido de berílio com carbono, na presença do cobre.

Também se evidenciou o trabalho do cientista alemão Oersterheld que, em 1916, publicou diagramas de equilíbrio do berílio com cobre, alumínio, prata e ferro.

Ocorrência
Existem cerca de trinta minerais que, reconhecidamente, contêm berílio; contudo, apenas três são de importância relevante: o berilo, a fenacite e o crisoberil. Destes três só o berilo tem importância industrial. Na sua forma pura, este mineral é um silicato de berílio-alumínio, que aparece nas formas de água-marinha e de esmeralda.

O berilo está vastamente distribuído na crusta terrestre, estimando-se a sua abundância em 0,001 %. Este minério contém cerca de 10 a 12 % de óxido de berílio, tornando assim economicamente viável a sua exploração mineira. O berilo é geralmente obtido como sub-produto da extração de feldspato, lítio ou mica.

Os principais depósitos de minério de berilo encontram-se na África do Sul, Zimbabué, Brasil, Argentina e Índia. Extraem-se também pequenas quantidades na África Oriental, Marrocos, Moçambique, Portugal e Canadá.

Aplicações
Duas coisas que tornam o metal berilio único são as suas características nucleares e a sua elevada rigidez. Exemplos de aplicações que exploram estas propriedades são os escudos de calor, partes de sistemas de orientação, giroscópios, plataformas estáveis e acelerómetros e espelhos (neste caso o berílio é usado como substrato fixo para uma superfície altamente polida). Utilizações mais sofisticadas incluem placas de fuselagem para a cápsula usada no programa Gemini, os anéis de ligações entre andares do míssil Minuteman e painéis de proteção para o foguetão Agena. Uma das forças motrizes da produção industrial de berílio tem sido precisamente as aplicações aeroespaciais.

O óxido é único entre os materiais cerâmicos, uma vez que combina uma extremamente elevada resistividade eléctrica e constante dieléctrica com uma alta condutividade térmica. A transparência do berílio aos raios X torna-o num material útil para janelas de detectores de radiação.

As propriedades nucleares do óxido de berílio, combinadas com o seu elevado ponto de fusão (acima de 2500 ºC), permite o seu uso em sistemas de reactores de alta temperatura onde o metal se poderia deformar ou derreter. A liga de cobre-berílio tem uma dureza particularmente elevada e uma grande elasticidade.

Ação Biológica
Sob certas circunstâncias a inalação de pó, fumo ou vapor de berílio pode ser prejudicial à saúde. Além disso, os sais solúveis de berílio podem produzir uma dermatite quando em contato com a pele. Não há contudo nenhum problema quando ingerido. Existem três doenças associadas causadas por este elemento; uma doença respiratória aguda, outra crónica e dermatites.

É um dado adquirido que a doença aguda é causada pela exposição a poeiras ou fumos de sais solúveis de berílio, especialmente o fluoreto de berílio e por vezes o sulfato. Esta enfermidade, que é similar às causadas à exposição ao fosfogeno, ou óxidos de azoto, tem um período latente relativamente curto (alguns dias).

Devido à singular variância do período de latência, a doença crónica provocada pelo berílio ( berylliosis) é um problema importante nos meios industriais. Contudo, a partir de 1949 não foram diagnosticados novos casos de berylliosis. Para minimizar o perigo proveniente da exposição ao berílio, devem ser efetuados exames médicos periódicos, que devem incluir, para além de outras coisas, exames radiológicos toráxicos.

A dermatite surge na consequência do contato da pele com sais solúveis de berílio, especialmente o fluoreto, podendo provocar irritação da pele, do nariz, da garganta e dos olhos. Podem, também, desenvolver-se granulomas na pele. A dermatite pode ser controlada através de um programa de boa higiene pessoal, lavagem frequente das partes expostas do corpo, assim como pela utilização de roupa adequada, de preferência lavada no local de trabalho. Esta prática também evita que resíduos de berílio sejam transportados pelo trabalhador para fora da fábrica, prevenindo assim exposições não ocupacionais.

Símbolo Químico: Be

Fonte:
http://nautilus.fis.uc.pt/st2.5/scenes-p/elem/e00400.html