O Colonialismo Inglês na América
A política colonialista inglesa não foi aplicada de maneira igual para suas treze colônias da América do Norte. Isso, se explica, principalmente, pelos diferentes sistemas de produção que nela se desenvolveram.
No processo de colonização das quatros colônias do norte – Massachusetts, Nova Hampshire, Rhode Island e Connectict – que formavam a Nova Inglaterra, e das quatros colônias do centro – Nova York, Nova Jersy, Pensilvânia e Dela Ware – desenvolveu-se um modelo de colônia de povoamento.
No processo de colonização das cinco colônias do sul – Virgínia, Maryland, Carolina do Norte e Carolina do Sul – desenvolveu-se o modelo de colônia de exploração.
Nas colônias de povoamentos do norte e do centro ocupada essencialmente por protestantes perseguidos na Inglaterra, desenvolveu-se um sistema de produção baseado na pequena propriedade e no trabalho livre exercido pelo próprio proprietário e sua família.
Em algumas dessas pequenas propriedades encontrava-se também trabalhadores contratados na Europa.
Esses trabalhadores ficavam submetidos a um regime de servidão temporária, que os obrigava a trabalhar de quatro a sete ano para pagar as despesas da viagem da Europa para a América. Findo esse prazo, os trabalhadores eram contratados e recebiam 50 acres de terra para realizar seu próprio cultivo. Tornava-se, portanto, donos de uma pequena propriedade.
Os produtos agrícolas das colônias de povoamento do norte e do centro eram iguais aos da Europa. Isso estimulou o comércio da metrópoles com essas colônias possibilitou que elas desenvolvessem uma economia livre da rígida exploração mercantilista inglesa.
Essa liberdade econômica permitiu um rápido desenvolvimento da produção de manufaturas e das atividades comerciais com outros povos, bem como da pesca e da siderurgia.
Nas colônias de exploração do sul desenvolveu-se um sistema de produção baseado no trabalho escravo negro e na grande propriedade monocultora, cuja produção estava voltada para os mercados externos.
As colônias do sul dependiam essencialmente de suas relações econômicas com a metrópole, para onde exportavam seus produtos tropicais, como algodão e tabaco, e de quem comprava, obrigatoriamente, manufaturados e outros produtos de que precisavam.
Essas diferenças explica o fato de o norte caracterizar-se, mais tarde, como centro industrial, e o sul permanecer uma região agrícola.
A Mudança da Política Econômica Inglesa em Relação às Colônias Norte-Americanas
Em meados do século XVIII, quando se iniciou a Revolução Industrial, a Inglaterra começou a mudar seu comportamento em relação a suas colônias americanas, intensificando sua política econômica mercantilista e restabelecendo o pacto colonial, para acabar com a concorrência das colônias do norte.
Com o reforço do pacto colonial, que obrigava as colônias a comerciarem exclusivamente com suas metrópole, a Inglaterra visava impedir a produção manufatureira colonial e acabar com a liberdade de os colonos do norte comerciarem com outros povos e venderem seus produtos para as colônias do sul.
As restrições mercantilistas acentuaram-se depois da Guerra dos Sete Anos (1756 – 1763) entre França e Inglaterra, e que envolveu também as colônias dos dois países. Essas pressões aumentaram porque apesar da vitória sobre a França que perdeu o Canadá, a Índia e parte das Antilhas, a Inglaterra saiu da guerra economicamente enfraquecida e resolveu aumentar os impostos e criar novas taxas tributárias que seriam cobradas dos colonos.
Como parte da nova política tributária, em 1764, o Parlamento inglês criou a Lei do Açúcar, determinando que os colonos pagariam taxas sobre a importação do açúcar e dos derivados da cana, como o melaço.
No ano seguinte (1765) foi criada a Lei do Selo. Com ela que o Governo inglês determinava o uso obrigatório do papel timbrado nos documentos, livros, jornais, licenças, anúncios, cartas de jogar etc.
Essa lei foi revogada por um Parlamento, onde eles não tinham representantes. “Sem representação não pode haver tributação”, diziam.
Em 1767, o ministro inglês Charles Tawnshend conseguiu que o Parlamento aprovasse novas taxas sobre o chá, vidros, papel e tintas de qualquer procedência.
Aumenta a insatisfação dos colonos. Em 1770, soldados ingleses, que foram mandados para Boston a fim de proteger os funcionários britânicos, atiraram contra uma multidão de manifestantes americanos, matando quatro deles. Esse episódio ficou conhecido como Massacre de Boston.
Em 1773, ocorre um novo confronto dos colonos com a metrópole. Prejudicados pelo monopólio da distribuição de chá concedido à Companhia das Índias Orientais, um grupo de colonos fantasiados de índios jogou ao mar todo o carregamento desse produto dos navios da companhia que estavam ancorados em Boston. O episódio foi chamado de Festa do Chá em Boston.
O rei Jorge III reagiu a essa manifestação de rebeldia colonial e fez decretar no ano seguinte (1774) os Atos Intoleráveis, pelos quais determinava que:
• os responsáveis pela Festa do Chá seriam mandados à Inglaterra, para julgamento;
• a colônia de Massachusetts seria ocupada por tropas inglesas;
• o porto de Boston ficaria fechado até ser paga a indenização pelo chá destruído;
• estariam sujeitos a severas penas todos aqueles que agredissem funcionários ingleses.
Essas medidas acirraram os conflitos que levaram os colonos à guerra no ano seguinte.
A Guerrra de Independência (1775 – 1781)
A Guerra de Independência dos Estados Unidos teve como causas mais profundas as restrições mercantilistas impostas pela Inglaterra a suas colônias americanas e a influência das idéias liberais dos filósofos iluministas, divulgadas na América do Norte por homens como Thomas Paine e Samuel Adams, entre outros.
Como causas menores e mais imediatas, podemos citar a Guerra dos Sete Anos, o Massacre de Boston e os Atos Intoleráveis.
No mesmo ano dos Atos Intoleráveis (1774), todas as colônias, com exceção da Geórgia, enviaram representantes para o Primeiro Congresso Continental de Filadélfia.
Nesse Congresso os colonos, ainda não dispostos à separação, resolveram enviar ao governo inglês um pedido para que fossem retirados os Atos Intoleráveis.
Como não foram atendidos, e a Inglaterra acirrou sua repressão, causando a morte de alguns americanos, os colonos se reuniram no Segundo Congresso Continental de Filadélfia, em 1775.
Nesse Segundo Congresso os colonos declararam guerra à Inglaterra, nomearam o rico fazendeiro George Washington comandante das forças americanas e encarregaram Thomas Jefferson de redigir a Declaração de Independência.
A Declaração de Independência, que continha a Declaração dos Direitos do Homem, foi aprovada em 4 de julho de 1776 e afirmava que “as Colônias unidas são, e devem ser por direito, Estados livres e independentes” e que “as Colônias estão isentas de toda e qualquer obediência à Coroa Britânica”.
A essência da Declaração de Independência assentava-se em três princípios fundamentais, a saber:
• todos os homens receberam de Deus certos direitos naturais como a vida, a liberdade e a conquista da felicidade;
• os justos poderes do governo se originam do consentimento dos governados;
• se o governo não respeitar os direitos naturais do homem, torna-se legítimo derrubá-lo do poder pela força das armas e substituí-lo.
A Declaração de Independência foi um extraordinário estímulo aos compatriotas norte-americanos, que até então estavam em desvantagem militar, pois haviam sofrido várias derrotas.
A vitória de George Washington, em Saratoga, em 1777, levou-os a obterem o apoio militar da França e, posteriormente, da Espanha e da Holanda.
A França tentava se vingar da derrota sofrida para os ingleses na Guerra dos Sete Anos, e sua ajuda foi decisiva para a vitória final norte-americana.
Depois de anos de luta, a derrota inglesa em Yorktown, em 1781, colocou um ponto final no conflito pela independência.
Em 1783 a Inglaterra assinou com os americanos o Tratado de Versalhes, pelo qual reconhecia a independência dos Estados Unidos e fixava seus limites nos Grandes Lagos e no Mississipi. A Espanha ficava com a Flórida e a Ilha de Minorca, e a França recuperava algumas ilhas antilhanas e estabelecimento no Senegal.