50 Dicas para fazer a redação de monografia de conclusão
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – DISCIPLINA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS – PROF. JORGE BARCELLOS (a partir do Manual de Redação do Jornal Estado de São Paulo)
50 DICAS PARA A REDAÇÃO DE MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO
1 – Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso. Use frases curtas e evite intercalações excessivas ou ordens inversas desnecessárias. Não é justo exigir que o professor faça complicados exercícios mentais para compreender o texto.
2 – Construa períodos com no máximo duas ou três linhas de 70 toques. Os parágrafos, para facilitar a leitura, deverão ter cinco linhas datilografadas, em média, e no máximo oito. A cada 3 páginas, convém abrir um sub-tíítulo.
3 – A simplicidade é condição essencial do texto acadêmico. Lembre-se de que você escreve para o público universitário, em nível universitário, o que significa um grau de complexidade compatível entre a análise conceitual e o direito de entender qualquer texto.
4 – Adote como norma a ordem direta, por ser aquela que conduz mais facilmente o professor à essência da argumento. Não confunda detalhes importantes da vida cotidiana com detalhes irrelevantes e vá diretamente ao que interessa, sem rodeios.
5 – A simplicidade do texto não implica necessariamente repetição de formas e frases desgastadas, uso exagerado de voz passiva (será iniciado, será realizado), pobreza vocabular, etc. Com palavras conhecidas de todos, é possível escrever uma monografia de maneira original e criativa e produzir frases elegantes, variadas, fluentes e bem alinhavadas. Nunca é demais insistir: fuja, isto sim, do academicismo, dos rebuscamentos, dos pedantismos vocabulares, dos termos técnicos evitáveis e da erudição. Isto não é acadêmico.
6 – Não comece períodos ou parágrafos seguidos com a mesma palavra, nem use repetidamente a mesma estrutura de frase.
7 – O estilo universitário é superior a linguagem jornalística e falada. Por isso, evite tanto a retórica e o hermetismo como a gíria, o jargão e o coloquialismo.
8 – Tenha sempre presente: o espaço hoje é precioso; o tempo de leitura, também. Relate o fato no menor número possível de palavras: por que opor veto a em vez de vetar, apenas? No entanto, seja prolixo no que se refere as longas descrições do trabalho de campo.
9 – Em qualquer ocasião, prefira a palavra mais simples: pretender é sempre melhor que objetivar, intentar ou tencionar; voltar é sempre melhor que regressar ou retornar; passageiro é sempre melhor que usuário; entrar é sempre melhor que ingressar.
10 – Recorra aos conceitos teóricos absolutamente indispensáveis e nesse caso coloque o seu significado a seguir, ou sob a forma de citação, ou no pé de página. Você já pensou que até há pouco se escrevia sobre a vida cotidiana sem conceitua-la de forma precisa? Que relatava-se fatos que ocorriam na escola se sem referir a seu projeto político-pedagógico? Que discutiam o que o governo fazia e não denominavam determinavam as “políticas educacionais”? Adote como norma: os leitores de monografias, na maioria, são pessoas familiarizadas com o jargão acadêmico, quando não com formação específica em uma área.
11 – Nunca se esqueça de que o texto acadêmico funciona como intermediário entre o fato ou fonte de informação e a sua interpretação acadêmica. Você não deve limitar-se a transpor para o papel as declarações do entrevistado, por exemplo; faça-o dando-lhe uma interpretação pessoal ou baseado em suas leituras, de modo que qualquer leitor possa apreender o significado das declarações. Se os depoentes possuem uma fala repleta de tiques, falarem em pô, você pode suprimir, sem nenhum prejuízo. Da mesma algumas expressões rebuscadas podem ser traduzidas, como patamar por nível, posicionamento por posição, agilizar por dinamizar, conscientização por convencimento, se for o caso, e assim por diante. Abandone a cômoda prática de apenas transcrever: ofereça transcrições pessoais, você vai ver que o seu texto passará a ter o mínimo indispensável de aspas e qualquer entrevista, por mais complicada, sempre tenderá a despertar maior interesse.
12 – Procure banir do texto os modismos e os lugares-comuns. Você sempre pode encontrar uma forma elegante e criativa de dizer a mesma coisa sem incorrer nas fórmulas desgastadas pelo uso excessivo. Veja algumas: a nível de, deixar a desejar, chegar a um denominador comum, transparência, instigante, pano de fundo, estourar como uma bomba, encerrar com chave de ouro, segredo guardado a sete chaves, dar o último adeus. Acrescente as que puder a esta lista.
13 – Dispense igualmente os preciosismos ou expressões que pretendem substituir termos comuns, como: causídico, Edilidade, elenco de medidas, data natalícia, primeiro mandatário, chefe do Executivo, precioso líquido, aeronave, campo-santo, necrópole, casa de leis, petardo, fisicultor, Câmara Alta, etc.
14 – Proceda da mesma forma com as palavras e formas empoladas ou rebuscadas, que ao invéz de revelar academicismo, tentam transmitir ao leitor mera idéia de erudição. A monografia não tem lugar para termos como tecnologizado, agudização, consubstanciação, operacionalização, mentalização, transfusional, paragonado, programático, emblematizar, congressual, instrucional, embasamento, dialogal, transacionar e outros do gênero.
15 – Não perca de vista o universo vocabular da sua área de conhecimento. Adote esta regra prática: nunca escreva o que você não leria em bom livro de sua área. Assim, alguém rejeita (e não declina de) um convite, protela ou adia (e não procrastina) uma decisão, aproveita (e não usufrui) uma situação. Da mesma forma, prefira demora ou adiamento a delonga; antipatia a idiossincrasia; discórdia ou intriga a cizânia; crítica violenta a diatribe; obscurecer a obnubilar, etc.
16 – O rádio e a televisão podem ter necessidade de palavras de som forte ou vibrante; o texto acadêmico, não. Assim, professor é professor e não professorzão! Da mesma forma, rejeite invenções como aulaço, galera (como grupo) e similares.
17 – A mesma regra vale para a inclusão de palavras ou expressões de valor absoluto ou muito enfático, como certos adjetivos (magnífico, maravilhoso, sensacional, espetacular, admirável, esplêndido, genial), os superlativos (engraçadíssimo, deliciosíssimo, competentíssimo, celebérrimo) e verbos fortes como infernizar, enfurecer, maravilhar, assombrar, deslumbrar, etc.
18 – Termos coloquiais ou de gíria deverão ser usados com extrema parcimônia e apenas em casos muito especiais (nos diálogos, por exemplo), para não darem a idéia de vulgaridade e principalmente para que não se tornem novos lugares-comuns. Como, por exemplo: a mil, barato, galera, detonar, deitar e rolar, flagrar, com a corda (ou a bola) toda, legal, grana, bacana, etc.
19 – Seja rigoroso na escolha das palavras do texto. Desconfie dos sinônimos perfeitos ou de termos que sirvam para todas as ocasiões. Em geral, há uma palavra para definir uma situação.
20 – Faça textos imparciais e objetivos. Não exponha opiniões, mas fatos, para que o leitor tire deles as próprias conclusões. Defensa sua opinião, sempre após apresentar as duas faces de uma questão, e quando a fizer, basei-se emf atos ou teoria comprovada. Em nenhuma hipótese se admitem textos como: Demonstrando mais uma vez seu caráter volúvel, o professor João da Silva alterou a matéria. Seja direto: O Professor João da Silva ao invés de lecionar a matéria prevista, preferiu não dar aula. É a terceira vez na semana em que faz isto. O caráter do professor ficará claro pela simples menção do que ocorreu.
21 – Lembre-se de que a monografia expõe também as suas opiniões ao longo do texto. Permita-se manifestar seus pontos de vista em momentos de sua monografia, registrando sua interpretação para versões diferentes de um mesmo fato, sempre justificando-a . Nunca deixe de conduzir a análise segundo as linhas de seu raciocínio, definidas com base em dados fornecidos por fontes de informação ou pelas leituras teóricas feitas ao longo de sua formação
22 – Prefira não usar formas pessoais nos textos, como: Disse-nos o professor ele disse … / Em conversa com a Secretária de Educação, ela nos disse que… Opte por transformar em citação o que você deseja incorporar no texto do trabalho, quase como se fosse citar um texto de livro. Algumas dessas construções cabem para certas situações, como defesa de tese ou monografia de conclusão. Converse com seu professor sobre o critério adotado.
23 – Como norma, coloque sempre em primeiro lugar a designação do cargo ocupado pelas pessoas e não o seu nome: O diretor da escola de Sapiranga Pedro da Silva, o secretário de educação do município Paulo da Silva. É em função do cargo ou atividade que, em geral, eles se tornam fonte de sua monografia. A única exceção é para cargos com nomes muito longos. Exemplo: O engenheiro João da Silva, presidente do Núcleo de Educação e Cultura do Sindicato dos Professores das Escolas Particulare de Santana do Livramento do Sudoeste do Rio Grande do Sul.
24 – Você pode ter familiaridade com determinados termos ou situações, mas o professor, certamente não. Por isso, seja explícito nas informações e não deixe nada subentendido. Escreva, então: O professor coordenador da disciplina da escola de primeiro e segundo grau disse o seguinte e não apenas: O professor disse.
25 – Ao introduzir em um capítulo, uma descrição da realidade escolar, o primeiro parágrafo deve fornecer a maior parte das respostas às seis perguntas básicas: o que, quem, quando, onde, como e por quê. As que não puderem ser esclarecidas nesse parágrafo deverão figurar, no máximo, no segundo, para que, dessa rápida leitura, já se possa ter uma idéia sumária do que pretende ser analisado.
26 – Não inicie a monografia com declaração entre aspas e só o faça se esta tiver importância muito grande (o que é a exceção e não a norma).
27 – Procure dispor as informações em ordem decrescente de importância (princípio da pirâmide invertida), para que, no caso de qualquer necessidade de corte na monografia, os últimos parágrafos possam ser suprimidos, de preferência.
28 – Encadeie o texto de maneira suave e harmoniosa e com os parágrafos seguintes e faça o mesmo com estes entre si. Nada pior do que um texto em que os parágrafos se sucedem uns aos outros como compartimentos estanques, sem nenhuma fluência: ele não apenas se torna difícil de acompanhar, como faz a atenção se dispersar no meio da monografia.
29 – Por encadeamento de parágrafos não se entenda o cômodo uso de vícios lingüísticos, como por outro lado, enquanto isso, ao mesmo tempo, não obstante e outros do gênero. Busque formas menos batidas ou simplesmente as dispense: se a seqüência do texto estiver correta, esses recursos se tornarão absolutamente desnecessários.
30 – A falta de tempo para escrever exige que o estudante escreva monografias cada dia mais curtas (10 ou 20 páginas, em média). Por isso, compete ao autor e ao professor da disciplina selecionar conjuntamente um referencial do número mínimo de páginas, como um critério a mais, entre outros, para expor as informações disponíveis, para que o aluno seja incentivado a incluir as essenciais e abrir mão das supérfluas. Nem toda a resenha cabe em vinte páginas, mas com certeza, um bom trabalho de campo com análise e interpretação que possa ser cortada pelo pé sem maiores prejuízos dará ao menos quinze páginas. Quando houver tempo, reescreva o texto: é o mais recomendável. Quando não, vá cortando as frases dispensáveis.
31 – Proceda como se o seu texto seja o definitivo, tal qual você deseja entregar. O ritmo de final de semestre, onde avolumam-se os trabalhos, nem sempre permite que o aluno faça uma boa revisão completa do original. Assim, depois de pronto, reveja e confira todo o texto, com cuidado. Afinal, é o seu nome que assina a monografia.
32 – O recurso à primeira pessoa só se justifica em alguns tipos de monografia, em geral, nas de enfoque social-antropológico, como a proposta da disciplina de Políticas Educacionais. O aluno poderá descrever os fatos dessa forma, como participantes, testemunhas ou mesmo personagens de acontecimentos importantes. Fique a ressalva: nem todos os professores preferem a adoção desta forma. Por isso, consulte-o sempre.
33 – Nas informações em seqüência, nunca deixe de se referir, mesmo sumariamente, aos antecedentes do caso. Nem todo professor pode estar a par dos acontecimentos localizados em municípios no qual ele não habita.
34 – A correção das monografia responde, ao longo do tempo, pela credibilidade do aluno. Dessa forma, não dê informações apressadas ou não confirmadas nem inclua nelas informações sobre as quais você tenha dúvidas. Mesmo que a monografia já esteja em processo de composição, sempre haverá condições de retificar algum dado impreciso, antes de entrega-la ao professor da disciplina.
35 – A correção tem uma variante, a precisão: confira habitualmente os nomes das pessoas, seus cargos, os números incluídos numa tabela, somas, datas, horários, enumerações. Com isso você estará garantindo outra condição essencial da monografia, a confiabilidade.
36 – Nas versões conflitantes, divergentes ou não confirmadas, mencione quais as fontes responsáveis pelas informações ou pelo menos os setores dos quais elas partem (no caso de os informantes não poderem ter os nomes revelados). Toda cautela é pouca e o máximo cuidado nesse sentido evitará que o autor da monografia tenha de fazer desmentidos desagradáveis.
37 – Quando um mesmo assunto aparecer em mais de um capítulo da monografia, deverá haver remissão, em itálico, sob a forma de nota de pé de página, de uma para outra: Retornarei a este argumento, no capítulo seguinte, quando tratarei ….
38 – Se você tem vários trabalhos para escrever ao final do semestre, durante o curso adote a técnica de centrar seu estudo sobre um campo de problemas determinado e uma base teórica comum de interpretação. Desenvolva o hábito de centrar sua leitura sobre a obra completa de um número limitado de autores (seja da sociologia ou da política): eles passaram a ser o seu referência teórico, oferecendo os conceitos de base para a interpretação da realidade. Você ganhará tempo, utilizará sua base teórica em mais trabalhos, conseguindo maior profundidade e evitará que algum dado relevante fique fora da monografia.
39 – Nunca deixe de ler até o fim sua monografia nos momentos de revisão antes da entrega do trabalho. Mesmo que você tenha apenas 5 minutos para rever o texto, talvez naquelas 15 linhas que faltam para serem lidas, poderão conter informações dispensáveis que seriam melhor desfazer.
40 – Preocupe-se em incluir no texto detalhes adicionais que ajudem o professor a compreender melhor o fato e a situá-lo: local, ambiente, antecedentes, situações semelhantes, previsões que se confirmem, advertências anteriores, etc.Utilize os rodapés para isso.
41 – Informações paralelas a um fato contribuem para enriquecer a sua descrição. Se o aluno dorme durante a aula que você observa, isso deve ser anotado; idem se ele coloca os pés sobre a classe e o professor consente, se fica conversando enquanto o professor dá aula, se faz trejeitos enquanto o professor escreve no quadro-negro, etc. Trata-se de detalhes que significam algo em uma descrição do espaço escolar, ao menos, da relativa monotonia que aulas muito áridas podem ter.
42 – Nas observações de campo, registre em seu diário as atitudes ou reações das pessoas, desde que significativas: mostre se elas estão nervosas, agitadas, fumando um cigarro atrás do outro ou calmas em excesso, não se deixando abalar por nada. Em matéria de ambiente, essas indicações permitem que o professor saiba como os personagens se comportavam no momento da entrevista ou do acontecimento.
43 – Trate de forma impessoal os funcionários da escola, por mais conhecidos de você eles sejam: a professora Maria da Gloria, e nunca a Glorinha,o Diretor João da Silva e não o Joãozinho , etc.
44 – Sempre que possível, mencione no Relatório a fonte da informação. Ela poderá ser omitida se gozar de absoluta confiança do aluno, e, por alguma razão, convier que não apareça na monografia. Recomenda-se, no entanto, que o Relatório indique alguma ideia da procedência da informação, com indicações como: Pelo menos dois funcionários da escola garantiram quando a visitei …, etc.
45 – Se no capítulo, diversos professores de escolas diferentes forem reunidos, coloque entre parênteses o nome da escola: o professor João dos Santos (Escola Municipal Santa Bárbara, Porto Alegre-RS), o professor Francisco de Almeida (Escola Estadual Diogo Feijó, Candelaria-R). No caso de professores de um mesmo município, mencione entre parênteses apenas o nome da escola .
46 – A monografia não admite generalizações que possam atingir toda uma classe ou categoria, raças, credos, profissões, instituições, etc. Preserve avalições sempre de forma circunscrita ao espaço investigado. Evite generalizações.
47 – Um acontecimento escolar muito sugestivo ou importante resiste até a um mau texto escrito. Não há, porém, acontecimento mediano ou meramente curioso que atraia a atenção do professor, se a informação se limitar a transcrever burocraticamente e sem maior interesse os dados para a monografia.
48 – Em caso de dúvida, não hesite em consultar dicionários, enciclopédias, almanaques e outros livros de referência. Ou recorrer aos colega ou o professor, que sempre pode ser contatado, por e-mail ou telefone, em caso de dúvida.
49 – Veja um exemplo de textos monográfico objetivo, simples e direto, constituído de frases curtas e incisivas. Os alunos passaram a ser fator importante para as estratégias dos professores da Escola Municipal João Aranha, em Livramento, RS. Dos 261 alunos contatados pela Direção da Escola, 82,8% disseram que iriam a escola mais vezes se houvesse turno integral com refeições. A falta de infraestrutura da escola foi apontado por 34,5% dos alunos como o segundo motivo básico para o retorno a sala de aula. De posse destes dados, professores e direção da escola passaram a exigir diariamente a SEC, o turno integral e a melhoria da escola.A SEC realizou licitações, alterou o calendário do município e hoje os alunos retornaram a sala de aula em melhores condições.
50 – Habitue-se a guardar, em arquivos de pendrive, seus trabalhos mais ricos, seu arquivos de Internet mais interessantes. Acompanhe pela Internet, diariamente, os principais jornais e copie arquivos da área de seu interesse. Eles são fonte permanente de consulta para monografias.